Skip to main content

Posts

Conhecimento cultural / Cultural knowledge

Há dois anos que aprendo português, e actualmente posso manter uma conversa. A maior parte da informação básica passa, mas não as coisas mais finas. Se alguém faz uma piada, normalmente não a percebo. Se alguém começa a falar de um novo assunto, estou perdido. Outra área onde sou deixado para trás é no meu conhecimento cultural, especificamente as personalidades conhecidos que se espalham pelos as nossos ecrãs. No meu próprio país sei o que muitas destas figuras públicas são usadas para representar: Lenny Henry é diversão, coração, generosidade ou esperança; Shami Chakrabarti é determinação, aprendizagem, superioridade, o partido Labour; Beckham é elegância, masculinidade, Cool Britannia, ou engano.  É como as cartas de tarot, os significados oferecidos por cada um depende do que é colocado ao seu lado e da ordem em que aparecem do baralho de cartas. Quando se vêem estas figuras públicas durante muitos anos, parece fácil saber o que elas representam. Mas se vir uma figura pública p...

A Floresta da língua / The Forest of language

Há tantas palavras para aprender. Algumas centenas que agarrei cedo, mas para além destes há esta vasta floresta de palavras mais ou menos especializadas e mais ou menos úteis ... Estou a ler um livro (em português) para crianças. Cada frase tem pelo menos uma palavra que eu não sei. Algumas delas posso ignorar, mas quando encontro 'resmungar', paro o agradável movimento da historia e utilizo o dicionário. Dá a tradução 'to grumble'. Mas eu já conheço os verbos 'zangar-se' e 'ralhar'. Preciso de 'resmungar' também? Irei alguma vez usá-lo? O estranho é que, quase sempre que conscientemente aprendo uma nova palavra, pouco depois ela vem ao meu encontro nalgum outro contexto.  Um exemplo: a mulher que dá aulas de cerâmica à nossa criança mais velha tem um gato de um olho chamado Filly.  Perguntámos de onde vinha o nome. De 'Filarmónica'. Ele morava atrás do edifício de Filarmónica. É um abandonado . Esta palavra foi nova para mim. Depois com...

Someone else's glories

As he wanders the streets of Porto one night, the hero of Ilse Losa’s novel thinks about the relationship between a foreigner and the buildings that they find themselves amongst. He thinks about how buildings link people to history. And he thinks about the struggles and the glories that a nation waves about like banners: the foreigner may ... like them, find them curious, but the foreigner is not moved or proud. When it’s your own country reciting its struggles and glories, you feel moved, or you feel riled. The public statues to villain-heroes, the songs about the fight for decent working conditions, the noise made about some wars, the silence around others. It’s like family – every discussion has been worked through before. It takes persistence to shift the well-worn patterns, to find new responses to the old arguments.   But when the glories held up before you are those of another country, their power fades away. For the foreigner, the immigrant, these glories are not the re-ap...

Curiosidade e distanciamento / Curiosity and detachment

Sob Céus Estranhos é um romance de Ilse Losa. Losa era um refugiado judeu alemão. Deslocou-se em Portugal em 1934. O romance tem lugar no Porto logo após a 2ª Guerra Mundial. O personagem principal é um jovem alemão chamado José. Ele ja viveu na cidade durante uns anos e fala a língua. Tem amigos à sua volta, mas mantém o distanciamento de um imigrante.  Leio devagar quando o texto está em português. Até agora, o romance mostra os passeios nocturnos de José enquanto a sua mulher está em trabalho de parto no hospital. A dada altura, durante a noite, ele pensa num amigo e pergunta-se se o deveria visitar. Ele lembra-se dos edifícios em redor da casa do seu amigo: As casas velhas, estreitas, arbitrariamente altas e baixas, de dia pitorescas com as fachadas de azulejos e os balcões de ferro, distinguindo-se agora apenas pelo contraste das dimensões, talvez evocassem alguma coisa do passado, quem sabe? Mas a um estrangeiro, como ele, não diziam nada, não lhe inspiravam essa nostalgia ...

Hermit crab (English text) + Caranguejo eremita (texto português)

When we arrived here, late in 2020, it seemed too simple: we drove across the border from Spain and we were in. We were in the country which we'd chosen from afar. A private decision, with no apparent link to official records. We were experiencing the ease of movement customary for white Europeans.   But then the country tilts and you need some solid points, some handholds, something to stop you sliding out of view, some means to prise access into the common necessities: housing, doctors, dentists. Those born here can't give much worthwhile advice about how to get a taxpayer number, a social security number, a valid driver's licence. Neither can the long-term residents. Either they didn't have to get these things for themselves, or it was so long ago that they can only remember the effort but not how it was applied.   Our most recent achievement is getting STCP transport passes for all thee children (Sociedade de Transporte Colectivos de Porto). Getting the travel p...

Pão Cão Tão Não (texto português, English text)

Temos três filhos. É raro um de nós passar tempo com uma criança só, mas isso leva sempre a algo bom.  No verão passado estivemos num lugar de beleza natural na Serra de Freita. Enquanto as nossa duas filhas mais velhas faziam concursos de suster-a-respiração-subaquática no rio, levei a mais jovem ao café. Para além do português, havia meia dúzia de outras línguas a serem faladas. A nossa filha reconheceu o som do francês, o que agradou tanto a ela como a mim.  No cafe ela escolheu um hot dog. Entāo discutimos como esta frase é a mesma em inglês e em português. Deveria ser cāo quente. Esse poderia ser o nome de uma loja ao lado de O Pāo Quente.  Sim, sim. O Cāo Quente. E tem todos os hot dogs e hot dogs de banana e batatas fritas e todo esse tipo de coisas.  E se um dos filhos do dono quisesse começar alguma coisa e abrir uma terceira loja ... Já sei: Tāo Quente! A comida é tão quente que nem se consegue comê-la.   Isto fez-me lembrar de como os cabeleireiros br...

Book fair part 2 - What should I read? / Feira do livro segundo parte - O que devo ler?

I went back to the book fair a second time.  We're on a budget. And we've moved house three times in the last two years so we know very well the weight and the volume of all the things we own. Two reasons to not to buy books. But the mass of books gathered at the fair creates a territory that I want to step into it.  I approached a stall with attractive-looking books; attractive to me that is, which means uncoated paper, strong visual design, the absence of photographs on the cover, stitched and folio-bound pages (not glued and perfect bound). Yes yes yes – judgments, books, covers – I know.  I let my gaze slide over all the slim volumes of poetry, the hefty art books. Then I stepped closer, took a breath and asked the bookseller What should I read? It's a daft question, too broad to make any sense. The answer depends entirely on what you’ve read already, on what you want to know, on what you want to avoid knowing. I added that I was learning Portuguese. That I wasn't r...