Skip to main content

Posts

Seeping into every scene - the photos of Koldo Chamorro

Almost every one of Koldo Chamorro's photos in this exhibition includes a brace of crucifixes, a trio, more. The exhibition is called O Santo Cristo Ibérico (The Holy Christ of the Miracles in Iberia) and the photos come from Chamorro's twenty-six-year documentation of religious practice in Spain and Portugal.   Chamorro sticks to his brief: as well as crucifixes, from handheld to full-size, we get tunics, pilgrims, churches, hearses, bell towers, priests. Religion is present and potent but the everyday or the incidental seeps into every scene. While one figure is absorbed in their devotional practice another figure is looking on, spectating, or is thinking about something else entirely, like the executioner's horse does in W H Auden's poem Musée des Beaux Arts . Take the photo titled Navarra (undated): it shows a track in front of a rural building. In the midground a smiling man in a cap and work gloves leans on a low wall. A cement mixer beside him suggests it's ...

Um género de trabalho bem definido

Nettie Burnett teve muitas exposições em galerias em Portugal, no Reino Unido e noutros países. (Perguntei-lhe quantas e ela disse-me que ela já não sabia quantas). Trabalha em grande escala e faz desenhos que são ao mesmo tempo subtil e poderosos. Muitos destes desenhos mostram árvores grandes, muitas vezes vistas de baixo, de modo a que o espectador fique impressionado e também atraído para o pormenor. Nettie também trabalha em escultura e livros de artista. Um amigo apresentou-nos a Nettie antes de nos mudarmos do Reino Unido, por isso ela foi uma das primeiras artistas em Portugal que conhecemos.  Lawrence: Quando e onde é que expôs pela primeira vez as suas obras em Portugal? Nettie: A minha primeira exposição foi na Cooperativa Árvore , em 2001. Foi uma exposição partilhada com o Bartolomeu dos Santos que, na altura, era diretor de Gravura na Central St Martins. (Vendi a maior parte do meu trabalho nessa exposição - o que não acontece muito hoje em dia!) L: Em quantas galer...

A clear genre of work

Nettie Burnett has had countless shows in galleries in Portugal, the UK and elsewhere.  (I asked her how many and she told me she'd lost count). She works on a large scale, making drawings that are both delicate and powerful. Many of these drawings show mature trees often seen from low down or directly beneath so the viewer is awed and at the same time drawn up into the detail. Nettie also works in sculpture and artists’ books. A friend introduced us to Nettie before we moved from the UK; she was one of the first artists in Portugal who we had a connection with.  Lawrence: When and where did you first show your artwork in Portugal? Nettie: I first showed work at Cooperativa Árvore in 2001. It was a shared show with Bartolomeu dos Santos who at the time was head of Printmaking at Central St Martins . (I sold most of my work at that show – doesn’t happen so much nowadays, more’s the pity!) L: Roughly how many different galleries have you shown at since the start of your caree...

Compro Carrots / I Buy Carros

Code switching draws you in or keeps you out. Code switching is community and exclusion. Code switching is managing multiple identities and multiple fields of engagement. When people around you code switch they shift the borders, leaving you on new territory even though you thought you hadn't moved.  In linguistics code switching means alternating between two or more languages (or language varieties) in the course of a single conversation.  Code switching has a broader meaning too which includes all the non-linguistic aspects of communication: accent, gesture, body-language.  An example: in the rural hill town where we lived our elderly neighbour would switch mid-sentence from Portuguese to French. My foreignness, my prominent unbelonging, seemed to remind him of his years of graft in Versailles. And this, in turn, triggered his darting visits into the French language. Another example: the Netflix drugs thriller Rabo de Peixe  is set in the Azores and is, naturally...

Novo Amigo Velho / New Old Friend

É uma surpresa ver arte da qualidade. Um choque de reconhecimento. É com conhecer alguém que você não sabia que conhecia. Faz-nos sorrir e ao mesmo tempo exige toda a nossa atenção para descobrir qual parte reconhecemos. As pinturas de Afonso Rocha tiveram esse efeito em mim. Saí do metro em Maia e, em vez de virar à direita para o trabalho, fui em frente, para o Fórum. O Fórum Maia está a acolher a Bienal da Maia e se entra pelo lado poente as pinturas do Rocha são uma das primeiras coisas que vê. Uma recepção alegre.  Estas pinturas de Rocha são todas óleo sobre tela. Mostram arbustos, relva, árvores, céu; temas familiares na tradição da pintura de paisagem e feita com poder e presença. A tinta parece em movimento, apressando pela tela. Ou é que a folhagem o está a fazer? Há zonas não pintadas onde vê-se a tela em bruto. As pinceladas fortes lembram as sombras das nuvens que se movem na superfície do trigo: o trigo oscila e as sombras passam através dessa superfície oscilante....

Divertida e poética / Amusing and poetic

O último post celebrou a Joana Estrela e o diálogo vivo que ela escreve.  The last post celebrated Joana Estrela and the vivid dialogue she writes (scroll down for the rest of this post in English). Numa das minhas visitas à Livraria Velhotes, falei com o Pedro Carvalho (sócio da empresa e amante de livros) sobre isso. Eu já tinha lido três livros dela - cada um ótimo e cada um diferente. Para além de vender os seus livros, Pedro conhecia a Joana e tinha feito uma exposição dos seus desenhos. Ele apresentou-me a ela por e-mail. De seguida, a Joana concordou em fazer uma entrevista por e-mail. Ela respondeu generosamente às minhas perguntas sobre a sua forma de trabalhar: Lawrence: Adoro a forma como as pessoas falam nos seus livros. Sei que tem uma prática de desenho. Também tem uma prática de escuta? Joana: Acho que a escuta faz parte da escrita. Gosto de prestar atenção ao que as pessoas dizem (e como o dizem) e por vezes tiro notas. Às vezes quando isolamos algumas dessas conve...

Graças à Pardalita, falo português / Pardalita taught me Portuguese

Os manuais escolares de PLNM são escritos para o que precisam um turista ou um estudante Erasmus. Enquanto isso, os explicadores do Youtube estão a organizar o português em nacos gramáticos de 4 minutos. Tudo isto é funcional, não fluido. Ensina-nos a comunicar necessidades específicas ( Onde fica a farmácia mais próxima? ) e emoções fixas ( Estou tão feliz que veio à festa ). Não quero apenas a linguagem de nomear e pedir, quero uma linguagem que traga as coisas à existência, uma linguagem de conversação,  uma linguagem que pendure uma frase na outra para criar um novo espaço, um espaço que implora ser respondido. Uma linguagem como as formas de tangram .  A lingua pode ser generativa sem ter frases longas ou conjugações complexas no condicional (o quer que isso fosse). O que importa é o ritmo e os ângulos.  No verão passado, encontrei este tipo de linguagem no livro Aqui E Um Bom Lugar (Ana Pessoa & Joana Estrela). Gostei do livro mesmo antes de ler; os desenh...