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Compro Carrots / I Buy Carros

Code switching draws you in or keeps you out. Code switching is community and exclusion. Code switching is managing multiple identities and multiple fields of engagement. When people around you code switch they shift the borders, leaving you on new territory even though you thought you hadn't moved.  In linguistics code switching means alternating between two or more languages (or language varieties) in the course of a single conversation.  Code switching has a broader meaning too which includes all the non-linguistic aspects of communication: accent, gesture, body-language.  An example: in the rural hill town where we lived our elderly neighbour would switch mid-sentence from Portuguese to French. My foreignness, my prominent unbelonging, seemed to remind him of his years of graft in Versailles. And this, in turn, triggered his darting visits into the French language. Another example: the Netflix drugs thriller Rabo de Peixe  is set in the Azores and is, naturally...

Novo Amigo Velho / New Old Friend

É uma surpresa ver arte da qualidade. Um choque de reconhecimento. É com conhecer alguém que você não sabia que conhecia. Faz-nos sorrir e ao mesmo tempo exige toda a nossa atenção para descobrir qual parte reconhecemos. As pinturas de Afonso Rocha tiveram esse efeito em mim. Saí do metro em Maia e, em vez de virar à direita para o trabalho, fui em frente, para o Fórum. O Fórum Maia está a acolher a Bienal da Maia e se entra pelo lado poente as pinturas do Rocha são uma das primeiras coisas que vê. Uma recepção alegre.  Estas pinturas de Rocha são todas óleo sobre tela. Mostram arbustos, relva, árvores, céu; temas familiares na tradição da pintura de paisagem e feita com poder e presença. A tinta parece em movimento, apressando pela tela. Ou é que a folhagem o está a fazer? Há zonas não pintadas onde vê-se a tela em bruto. As pinceladas fortes lembram as sombras das nuvens que se movem na superfície do trigo: o trigo oscila e as sombras passam através dessa superfície oscilante....

Divertida e poética / Amusing and poetic

O último post celebrou a Joana Estrela e o diálogo vivo que ela escreve.  The last post celebrated Joana Estrela and the vivid dialogue she writes (scroll down for the rest of this post in English). Numa das minhas visitas à Livraria Velhotes, falei com o Pedro Carvalho (sócio da empresa e amante de livros) sobre isso. Eu já tinha lido três livros dela - cada um ótimo e cada um diferente. Para além de vender os seus livros, Pedro conhecia a Joana e tinha feito uma exposição dos seus desenhos. Ele apresentou-me a ela por e-mail. De seguida, a Joana concordou em fazer uma entrevista por e-mail. Ela respondeu generosamente às minhas perguntas sobre a sua forma de trabalhar: Lawrence: Adoro a forma como as pessoas falam nos seus livros. Sei que tem uma prática de desenho. Também tem uma prática de escuta? Joana: Acho que a escuta faz parte da escrita. Gosto de prestar atenção ao que as pessoas dizem (e como o dizem) e por vezes tiro notas. Às vezes quando isolamos algumas dessas conve...

Graças à Pardalita, falo português / Pardalita taught me Portuguese

Os manuais escolares de PLNM são escritos para o que precisam um turista ou um estudante Erasmus. Enquanto isso, os explicadores do Youtube estão a organizar o português em nacos gramáticos de 4 minutos. Tudo isto é funcional, não fluido. Ensina-nos a comunicar necessidades específicas ( Onde fica a farmácia mais próxima? ) e emoções fixas ( Estou tão feliz que veio à festa ). Não quero apenas a linguagem de nomear e pedir, quero uma linguagem que traga as coisas à existência, uma linguagem de conversação,  uma linguagem que pendure uma frase na outra para criar um novo espaço, um espaço que implora ser respondido. Uma linguagem como as formas de tangram .  A lingua pode ser generativa sem ter frases longas ou conjugações complexas no condicional (o quer que isso fosse). O que importa é o ritmo e os ângulos.  No verão passado, encontrei este tipo de linguagem no livro Aqui E Um Bom Lugar (Ana Pessoa & Joana Estrela). Gostei do livro mesmo antes de ler; os desenh...

Como é que o Reino Unido aparece do estrangeiro?

No sábado, durante o desfile da coroação em Londres, o Metropolitan Police construiu um biombo de três andares de altura para esconder os manifestantes republicanos. Os manifestantes ainda lá estavam, mas o Rei Carlos e a maior parte das câmaras de televisão já não os conseguiam ver.  Actualmente vivo em Portugal. Daqui, a vista do Reino Unido é um turbilhão de bandeiras, autobiografias de celebridades escritas por escritões-fantasmas e fotografias da família Windsor. Aqui está a banca de jornais por onde passo a caminho do trabalho. Está espessa de cobertura da coroação:  As vezes a imprensa portuguesa dá cobertura aos cidadãos britânicos que não querem uma monarquia, mas isso está escondido nas páginas interiores. A impressão que fica é a de uma nação unida no apoio ao seu chefe de Estado não eleito e à sua família custosa.  No Reino Unido, há bastante pessoas que não querem um monarca. Duas sondagens recentes indicam um quinto ou um quarto da população. Nem isso e ne...

What does the UK look like from the outside?

On Saturday, at the coronation parade in London, the Metropolitan Police built a three-storey high screen to conceal the republican demonstrators. The protesters were still there, but King Charles and most of the news cameras could no longer see them.  Currently I live in Portugal. From here the view of the UK is a flurry of bunting, ghost-written celebrity memoirs and Windsor family PR shots. Here’s the newsstand I pass on my way to work. It’s blotched with coronation coverage: The Portuguese press does have a little coverage of British opposition to the Royal carry-on, but it’s tucked away on the inside pages. The clear impression is of a nation united in support for its unelected head of state and his costly family.  A lot of the UK population don’t want a monarch. Two recent polls put the figure at a fifth or a quarter . This isn’t visible from Portugal, and neither are the arrests of Graham Smith and the other people who were peacefully protesting along the route of roy...

Multilingue / Multilingual

Na sexta-feira, 14 de Abril, fui a um evento multilingue incomum. Multilingue porque falaravam três línguas para manter todos na conversa. Incomum porque nenhuma destas línguas era o inglês.  Tratava-se do lançamento de dois livros de Peter Svetina na Livraria Velhotes  em Vila Nova de Gaia. Peter é um autor infantil consagrado, mas estas são as suas primeiras publicações em Portugal.  Peter esteve à conversa com dois dos seus editores: o seu editor português, João Manuel Ribeira , e a sua editora eslovena, Barbara Pregelj. A maior parte das perguntas vieram de Barbara. Ela dirigiu-as a Peter em espanhol e ele respondeu em esloveno. Depois, Barbara traduziu as respostas para espanhol, para benefício do público.  Tenho quase a certeza de que, à excepção das três pessoas na fila da frente que se riram ou acenaram com a cabeça enquanto o Peter falava em esloveno, todos os outros tinham o português como primeira língua. O editor João Manuel Ribeira fez algumas perguntas...