Skip to main content

Posts

Leitores e ouvintes / Readers and listeners

Na semana passada fui a um evento da série Leitores de Augustina na Biblioteca Municipal Almeida Garrett . Foi presidido por Ines Fonseca Santo .  (The Portuguese text is first; scroll down for the English text. // O texto em português é o primeiro; desce para o texto em inglês.)  Leitores de Augustina Ela tinha combinado os seus dois convidados com dois romances de Augustina Bessa-Luis : as suas perguntas sobre Os Meninos de Ouro (1983) foram dirigidas a Pedro Mexia, e as suas perguntas sobre A Ronda da Noite   (2006) a Lidia Jorge .  É estranho ir a uma discussão literária conduzido numa língua que só se compreende com dificuldade. É como chegar à sala de concertos com os seus bilhetes e decidir passar toda a espectáculo no vestíbulo.  Apesar da minha incompreensão aprendi algumas coisas sobre os romances de Bessa-Luis. Com Pedro Mexia aprendi que ao longo de Os Meninos de Ouro o protagonista sofre de doenças, e isto é central no livro. Aprendi que o p...

Longevity and resilience

~  Warning: this post is 1,300 words which is longer than usual for this blog. Get comfortable before you start reading. Livraria Velhotes is a 15-minute walk from where I live: turn left at the top of our street, go past the ruined house with the goats in the garden, past the kindergarten, the football field, the jujitsu studio, the water reservoir and just before you reach the high school the bookstore is on your left.  One of the partners, Pedro Carvalho, told me about the history, spirit and practice of the bookstore. In this edited transcript of the interview, Pedro talks about financial survival, publication in Portugal and the relationship between a bookstore and its community.  Lawrence: How can an independent bookshop survive in this era of multinational publishers and online bookselling? Pedro: Over time the bookshops in Vila Nova de Gaia have been disappearing, and the same with secondhand bookshops.  Vila Nova de Gaia, as you may have noticed, is one of ...

Longevidade e resiliência

~  Aviso: este post é cerca de 1.300 palavras, mais do que o habitual para este blogue. Ponha-se à vontade antes de começar a ler. Livraria Velhotes fica apenas 15 minutos a pé de onde eu vivo: vire à esquerda no fim da minha rua, passe a casa em ruínas com as cabras no jardim, passe pelo jardim de infância, pelo campo de futebol, estúdio de jujitsu, Águas de Gaia e, pouco antes de chegar à grande escola secundária, a livraria fica à sua esquerda.  Um dos sócios da livraria, Pedro Carvalho, falou-me sobre a história, o espírito e a prática da livraria. Nesta transcrição editada da entrevista, Pedro fala da sobrevivência financeira, da publicação em Portugal e da relação entre uma livraria e a sua comunidade.  Lawrence : Como poder sobreviver uma livraria independente neste altura da empresas multinacionais e livrarias online? Pedro : Em Vila Nova de Gaia as livrarias de livros novos e de livros usados foram, com o decorrer do tempo, desaparecendo.  Vila Nova de...

Falsos conhecidos / False friends

/ / Por ordem de quantas vezes eu uso a palavra em português incorretamente porque estou a pensar em seu falso conhecido em inglês / / In order of how often I use the Portuguese word incorrectly because I'm thinking of its false friend in English: puxe - push turma - term sensível - sensible frigideira - fridge oficina - office pretender - pretend lanche - lunch colégio - college lavatório - lavatory

Conhecimento cultural / Cultural knowledge

Há dois anos que aprendo português, e actualmente posso manter uma conversa. A maior parte da informação básica passa, mas não as coisas mais finas. Se alguém faz uma piada, normalmente não a percebo. Se alguém começa a falar de um novo assunto, estou perdido. Outra área onde sou deixado para trás é no meu conhecimento cultural, especificamente as personalidades conhecidos que se espalham pelos as nossos ecrãs. No meu próprio país sei o que muitas destas figuras públicas são usadas para representar: Lenny Henry é diversão, coração, generosidade ou esperança; Shami Chakrabarti é determinação, aprendizagem, superioridade, o partido Labour; Beckham é elegância, masculinidade, Cool Britannia, ou engano.  É como as cartas de tarot, os significados oferecidos por cada um depende do que é colocado ao seu lado e da ordem em que aparecem do baralho de cartas. Quando se vêem estas figuras públicas durante muitos anos, parece fácil saber o que elas representam. Mas se vir uma figura pública p...

A Floresta da língua / The Forest of language

Há tantas palavras para aprender. Algumas centenas que agarrei cedo, mas para além destes há esta vasta floresta de palavras mais ou menos especializadas e mais ou menos úteis ... Estou a ler um livro (em português) para crianças. Cada frase tem pelo menos uma palavra que eu não sei. Algumas delas posso ignorar, mas quando encontro 'resmungar', paro o agradável movimento da historia e utilizo o dicionário. Dá a tradução 'to grumble'. Mas eu já conheço os verbos 'zangar-se' e 'ralhar'. Preciso de 'resmungar' também? Irei alguma vez usá-lo? O estranho é que, quase sempre que conscientemente aprendo uma nova palavra, pouco depois ela vem ao meu encontro nalgum outro contexto.  Um exemplo: a mulher que dá aulas de cerâmica à nossa criança mais velha tem um gato de um olho chamado Filly.  Perguntámos de onde vinha o nome. De 'Filarmónica'. Ele morava atrás do edifício de Filarmónica. É um abandonado . Esta palavra foi nova para mim. Depois com...

Someone else's glories

As he wanders the streets of Porto one night, the hero of Ilse Losa’s novel thinks about the relationship between a foreigner and the buildings that they find themselves amongst. He thinks about how buildings link people to history. And he thinks about the struggles and the glories that a nation waves about like banners: the foreigner may ... like them, find them curious, but the foreigner is not moved or proud. When it’s your own country reciting its struggles and glories, you feel moved, or you feel riled. The public statues to villain-heroes, the songs about the fight for decent working conditions, the noise made about some wars, the silence around others. It’s like family – every discussion has been worked through before. It takes persistence to shift the well-worn patterns, to find new responses to the old arguments.   But when the glories held up before you are those of another country, their power fades away. For the foreigner, the immigrant, these glories are not the re-ap...