Os nossos vizinhos dizem que Monte Branco é demasiado caro e que se pode comprar bom pão na padaria em frente. Mesmo assim, vamos ao Monte Branco. Sinto-se bem dentra da padaria: A empresa é eficiente cada funcionário está ocupado com as tarefas que lhe são atribuídas. Dá uma sensação de retidão, de superioridade mesmo.
Um dos pormenores que dá a sensação de superiodade são os sacos de pão. A maioria das padarias tem uma ilustração genérica impressa nos sacos de papel, um feixe de trigo ou um pão estaladiço. A Monte Branco tem uma antologia literária. O meu pão de hoje está embrulhado em poemas de Daniel Faria, Al Berto e Sophia de Mello Breyner Andresen.
Andresen é uma figura incontornável da literatura portuguesa e os seus contos infantis são muito lidos nas escolas. O poema dela sobre o meu saco de pão é apela à construção de um mundo mais justo, e, depois de procurar as palavras que nao conheci, dá ao meu pequeno-almoço um brilho otimista. Os dois outros autores são menos conhecidos e não são a escolha mais óbvia para poemas sobre embalagens de comida. Os poemas de Faria são existenciais e místicos; os de Al Berto são confessionais e melancólicos.
A minha pergunta é: quem é que lê estes poemas? Que outros clientes do Monte Branco querem poesia ao pequeno-almoço? O saco pode estar na cozinha durante dois ou três dias antes de o pão ser comido ou ficar estragado. Quem, nestes três dias, dá tempo para ler?
Our neighbours say that Monte Branco is over-priced and that you can get good bread from the place over the road. We go to Monte Branco nonetheless. The place is reassuringly efficient. Just being in there makes you feel good. The confidence amongst the staff, every one of them busy about their allotted tasks. There’s a sense of rectitude, superiority even.
One of the details where this shows is the printing on the bread bags. Most bakeries have a generic illustration printed on their paper bags, a line drawing of a wheat sheaf or a crusty loaf. Monte Branco has a small literary anthology. My loaf today is enclosed in poems by Daniel Faria and Al Berto and Sophia de Mello Breyner Andresen.
My question is who reads these poems? Which Monte Branco customers, apart from me, want poetry for breakfast? Can you find the time, before the bread is either finished or gone stale, to read the poems? If you can, please let me know – I'm interested.
I would love to have poetry on my food packaging of any kind. Much better than advertising. I would like short, quality poems, changed regularly.
ReplyDeleteSometimes I'm able to focus on the words-sounds-effects of a poem and sometimes not. I think aphorisms on packaging would suit me better than poems. Or short prose poems.
ReplyDeleteBut I liked getting to know Sophia Andresen's poem 'A forma justa'. I might have never read it if I hadn't been on the bag.
ReplyDeleteI think it's a great idea and should become the norm. It reminds me of a German bakery where they put illustrations by local artists on their bags - all related to bread. Aphorisms would suit me better too, but then again it might depend on the type of meal. PS: eu tambem acho que Monte Branco é demasiado caro (e o pão é assim-assim).
ReplyDeleteHello Erica. Is that a normal practice in Germany, putting illustrations by local artists onto the bags? Or does it make that bakery stand out from its competitors?
ReplyDeleteEntão, qual é a sua padaria preferida? Qual delas tem o melhor equilíbrio entre custo e qualidade?
ReplyDeleteNo I think it was just them, as a way to support local artists. It was a nice touch also because it was just a standard bakery - if there is such a thing in Germany (I'm a bread nerd).
DeleteQuanto as padarias, ali perto (em frente ao Centro Veterinario) há o Cantinho do Padeiro, uma loja pequena que tem um bom equilibrio entre custo e qualidade.
O pão da Panificadora Gaiense é mesmo muito bom, mas é caro.
E, claro, Símbolo na Avenida da República: o campeão da relação qualidade-preço.