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Livros no metro

São poucas as pessoas que leem no metro. As atividades preferidas para os meus companheiros de viagem estão centradas no telemóvel: videojogos, chamadas, whatsapp, música, verificando o próprio cabelo na selfie câmara. Mesma coisa para mim - mando mensagens, partilho imagens. Há sempre mais para fazer.  Mas existem uns indivíduos marcantes que tragam um livro. Mal vejo um livro no metro, quero saber mais: autor, título, idioma. O que me atrai nos livros é que o trabalho já foi feito. As ideias já são escritas, organizadas, preparadas e têm agora uma serenidade poderosa; são como um grupo de atores alguns minutos antes do espetáculo.  Na semana passada tive sorte; vi um livro cada dia (ou, pelo menos, todos os dias úteis): s exta-feira 14 junho 2024, 09:35 Freida McFadden, A Criada segunda-feira 17 junho 2024, 07:50 Harley Laroux, Her soul for revenge (versão inglês) terça-feira 18 junho 2024, 08:20  George Orwell, 1984 (versão português) quarta-feira 19 junho 2024, 07:59 ...

Leitores e ouvintes / Readers and listeners

Na semana passada fui a um evento da série Leitores de Augustina na Biblioteca Municipal Almeida Garrett . Foi presidido por Ines Fonseca Santo .  (The Portuguese text is first; scroll down for the English text. // O texto em português é o primeiro; desce para o texto em inglês.)  Leitores de Augustina Ela tinha combinado os seus dois convidados com dois romances de Augustina Bessa-Luis : as suas perguntas sobre Os Meninos de Ouro (1983) foram dirigidas a Pedro Mexia, e as suas perguntas sobre A Ronda da Noite   (2006) a Lidia Jorge .  É estranho ir a uma discussão literária conduzido numa língua que só se compreende com dificuldade. É como chegar à sala de concertos com os seus bilhetes e decidir passar toda a espectáculo no vestíbulo.  Apesar da minha incompreensão aprendi algumas coisas sobre os romances de Bessa-Luis. Com Pedro Mexia aprendi que ao longo de Os Meninos de Ouro o protagonista sofre de doenças, e isto é central no livro. Aprendi que o p...

Feira do livro primeiro parte / The book fair part 1 (texto português + English text)

Numa sexta-feira de agosto fomos dar um passeio num parque que não tínhamos visitado antes. Estávamos a conhecer novos lugares na cidade. Encontrámo-nos no meio da Feira do Livro do Porto . Não sabemos. Encontrei la inesperadamente. Que bom: entrada gratuita, caminhar por uma avenida de árvores, livros em grandes quantidades sob a luz do sol. Alegria. Uma feira não é uma biblioteca. Os livros são organizados por editora, não por assunto ou género. A banca de cada editora é como uma reunião familiar no Natal - livros que são muito diferentes, reunidos devido às suas origens comuns.  Uma feira não é uma biblioteca. Mas numa feira pode ler sem pagar, pode ler sem possuir o livro: pegue-o, leia-o, ponha-o de volta.  O Presidente Marcelo Rebelo de Sousa também esteve lá nessa sexta-feira. Ele perguntou a toda a gente Já comprou um livro hoje? ( Jornal de Noticias, 27 de agosto, p36). Mas comprar livros não é a coisa mais importante. O mais importante é lê-los. Lê-los e descobrir n...

Onde fica a bookshop? (texto português + English text)

Em Agosto 2022 mudámo-nos de Arganil, uma pequena cidade no centro de Portugal, para Vila Nova de Gaia, que faz parte da área metropolitana do Porto. Quando chegámos no início de Agosto, a cidade existia como um punhado de pontos, os lugares que eram imediatamente memoráveis ou essenciais: a saída da A1; a estação de metro de Santo Ovídio; o nosso apartamento que tinha sido tão difícil de encontrar no mercado de aluguer febril; o pequeno supermercado; a loja de vegetais bio que estava sempre fechada; a grande avenida que desce até ao Porto; a escola de línguas onde vou trabalhar. Duas semanas mais tarde e já preenchemos o nosso mapa mental. Há mais ginásios do que salas de tatuagem, e mais dentistas do que ginásios. Há muitos cafés e padarias independentes. Há uma bela biblioteca - fechada para obras. Mas até agora não há livrarias. Uma vez apareceu uma livraria segunda-mão na borda do do google maps, mas flutuou para a desordem digital.  Pedi ao Facebook e as pessoas disseram-me p...